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sábado, 12 de março de 2011

Manual do adolescente pate 7 - tudoque o adolescente quer saber - DROGAS

                                                                  ECSTASY



Depois de explodir na europa e nos EUA, chegou ao Brasil uma substância que já conquistou milhões de usuários. Inspiradas nos festivais psicodélicos dos anos 60 e 70, milhares de jovens, embalados por músicas e luzes, consomem esta substância, em raves e boates, com o intuito de vivenciar momentos prazeirosos num ambiente de luzes e sons.
O "E" (abreviação de ecstasy) é vendido por um valor que vai de 20 a 40 reais.
De acordo com alguns depoimentos não é preciso nem acompanhar a batida eletrônica, é só deixar o ritmo conduzir os seus movimentos. É como se você estivesse dentro da música.

Depois de engolida, a droga "E" chega ao estômago e com 20 a 60 minutos passa para a corrente sanguínea e se espalha para todo corpo. Quando a substância alcança o cérebro, têm início os efeitos. Ela atua sobre os neurotransmissores - mensageiros responsáveis pela transmissão de informação no cérebro que regulam o nosso humor e outras funções do organismo. São três os neurotransmissores afetados: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. O mais atingido pelo "E" é a serotonina - que controla as nossas emoções e também regula o domínio sensorial, o motor e a capacidade associativa do cérebro.

Como a serotonina também é reguladora da temperatura do corpo, outro risco imediato de quem toma o ecstasy é o da hipertermia, ou superaquecimento do organismo. As mortes associadas à droga são decorrentes quase sempre da elevação da temperatura do corpo acima dos 41 graus. A partir dessa temperatura, os riscos são eminentes. O sangue pode coagular produzindo convulsões e parada cardíaca. Não é à toa que as raves são praticamente as únicas festas em que o consumo de água mineral ultrapassa de longe o das bebidas alcóolicas.

A substância que define o ecstasy é o MDMA, sigla que significa metilenodioxidometanfetamina. Com esse nome, a droga é confundida com as anfetaminas ou metanfetaminas, outros estimulantes sintéticos ilegais que deixam as pessoas "ligadas". Apesar de ser derivado da anfetamina, o composto MDMA tem uma parte da sua molécula semelhante ao de um alucinógeno. O MDMA não chega a produzir as alucinações do LSD (ácido lisérgico), nem a excitação de substâncias estimulantes como a cocaína. Em compensação, mixa efeitos moderados das duas substâncias - segredo do seu sucesso como "droga social".
O MDMA provoca uma descarga de serotonina nas células nervosas do cérebro para produzir os efeitos de bem-estar e leveza tão apreciados pelos freqüentadores das raves.

Com a dilatação da pupila, as luzes ganham um brilho especial e os olhos ficam mais sensíveis - daí os óculos de lentes amarelas, tipo night vision. E o mais notável: uma hipersensibilidade do tato. Qualquer toque no corpo, sob o efeito do ecstasy, tem a sensação multiplicada. Muitos se encostam e se abraçam como se todo o corpo fosse uma grande zona erógena. As mulheres, principalmente, falam do aumento do desejo sexual - uma sensação que acabou conferindo ao "E" outro famoso apelido: droga do amor. Além disso, o "E" é discreto - comparado a outras drogas, não tem o cheiro forte da maconha nem requer uma assimilação agressiva como a cocaína.

O neurotoxicólogo George Ricaurte, da Universidade John Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos, um dos maiores estudiosos do assunto afirma: " Temos evidências de que o MDMA pode provocar danos permanentes ao cérebro." Ricaurte estuda há anos os efeitos do ecstasy no cérebro. Em 1994, mostrou que pessoas que tomaram a droga pelo menos cinco vezes sofrem de apatia, problemas de insônia e têm menor quantidade de serotonina, o neurotransmissor responsável pelas nossas emoções, no cérebro. A baixa de serotonina foi confirmada em 1998 com tomografias realizadas em usuários de ecstasy. Ricaurte faz outro alerta: uma pesquisa recente feita com macacos revelou que os problemas causados pelo MDMA permanecem iguais mesmo depois de sete anos de abstinência da droga.

É provável que o maior risco do ecstasy, no entanto, não advenha diretamente do MDMA. Como toda substância ilegal, ninguém pode garantir o conteúdo do comprimido que é vendido como ecstasy numa festa ou casa noturna. "Nas amostras que analisamos em São Paulo, encontramos diversas substâncias misturadas ao MDMA", diz o professor Ovandir Silva, diretor do laboratório de análise toxicológica da USP. "Alguns comprimidos continham cafeína e metaanfetamina - droga com alto poder de vício."

Depoimento:
"Estava ansiosa. A festa rolava a mil. Eu tinha tomado meio comprimido de 'E' há 30 minutos e nada, nenhum efeito. Mas, aos poucos, meu corpo foi ficando diferente, mais sensível, mais maleável. Quando era tocada em qualquer lugar, sentia o mesmo arrepio de uma carícia atrás da orelha ou na virilha. Um profundo sentimento de harmonia com o mundo foi me preenchendo. Numa rave, as pessoas olham para você e sentem a sua felicidade. Basta um olhar, não é preciso mais nada. As cores ficam nítidas, como se você estivesse dentro de um mundo de cor. Parece um videoclip em que o DJ comanda os seus movimentos por meio do som. Quando eu tomo ecstasy, alterno fases de euforia e de relaxamento. É como a música que mistura a batida eletrônica com sons distorcidos. Você não quer parar de dançar. É o ritmo da galera que contagia. Chega um momento em que tudo parece estar em câmera lenta. O corpo aquece, você sente calor, fica derretendo, derretendo, bebe muita água. Mas não sente fome nem cansaço. Pode agüentar horas na pista. O desejo sexual também aumenta. Pelo menos o meu aumentou. Dividi um comprimido com o meu namorado e pude comprovar esse aumento de prazer. O nome 'pílula do amor' faz sentido. Tinha uma aura diferente entre a gente, um clima de muita compreensão e de carinho pleno em cada toque. Acho que é o contato com a pele que fica diferente. Mas o 'E' dá depressão, sim. Você fica triste depois que o efeito passa. É difícil voltar e encarar a realidade de que a vida não é tão maravilhosa. As coisas ficam estranhas por um tempo. Acho que não compensa tomar o 'E' sempre. Eu, particulamente, só tomo acompanhada do meu namorado."


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